Professores, servidores, alunos e ex-alunos da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro participaram ontem (12) de um protesto contra a falta de
recursos que tem causado prejuízos às atividades acadêmicas e aos
atendimentos do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe).
Os manifestantes se reuniram na porta do hospital, em Vila Isabel, na
zona norte do Rio de Janeiro. De lá, iniciaram uma caminhada em direção
ao campus principal da Uerj, também na zona norte.
Sem recursos de custeio desde agosto e com pesquisas paralisadas pela
falta de repasses, a Uerj também sofre com redução de leitos no Hupe.
Dos mais de 500, apenas 92 estão disponíveis para pacientes, o que tem
prejudicado aulas práticas e o atendimento à comunidade.
A aposentada Rosalina de Jesus, de 60 anos, se trata de doença de
Chagas no hospital há 30 anos. Nos últimos meses, percebeu problemas em
serviços como a limpeza se agravarem.
"Eu, como paciente, apoio os médicos e os professores, porque, pra mim,
é um dos melhores hospitais que tem no Rio de Janeiro. Se ele fechar,
como vai ficar a nossa vida?", preocupa-se a aposentada.
Em diversos momentos, motoristas que passaram em frente à manifestação
buzinaram como sinal de adesão ao movimento, que também recebeu apoio de
pacientes e acompanhantes que entravam e saíam do hospital. O protesto
gritou palavras de ordem contra o governo do estado e pediu a saída do
governador, Luiz Fernando Pezão, e do seu partido, o PMDB.
O professor de medicina Henrique Aquino dá aula na Uerj há 36 anos e
conta nunca ter visto uma situação tão grave. "A universidade está
praticamente parada e isto se reflete no hospital, onde é o campo de
prática não só dá medicina, mas de diversas outras especialidades".
Com menos leitos, os alunos têm perdido a oportunidade de aprender a
prática da profissão, e o problema tem sido contornado com a utilização
de espaços em outras unidades de saúde. O contato entre médico e
paciente, considerado um dos principais ensinamentos da atuação no
hospital, tem sido muito prejudicado.
"Antes, conseguíamos reunir um ou dois alunos e o paciente, para que
eles tivessem uma relação. Como vou fazer isso com dez alunos para um
paciente?", questiona o professor.
Foto: Júlia Gabriela / Futura Press
Fonte: Terra notícias
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