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Vietnã, o homem mais rico do país ganha mais em um dia do que a pessoa
mais pobre recebe em dez anos, segundo relatório da Oxfam
Atualmente, os 50% mais pobres do mundo detêm menos de 0,25% da riqueza global líquida. Desse grupo, de 3,6 bilhões de pessoas, cerca de 3 bilhões vivem abaixo da "linha ética de pobreza" — definida pela riqueza que permitiria que as pessoas tivessem uma expectativa de vida normal de pouco mais de 70 anos.
Para ilustrar o tamanho do abismo entre os mais ricos e os mais pobres do mundo, a Oxfam fez mais algumas comparações. Segundo o levantamento, um diretor executivo de qualquer empresa do índice FTSE-100 (da bolsa de valores de Londres) ganha o mesmo em um ano que 10.000 pessoas que trabalham em fábricas de vestuário em Bangladesh. E, no Vietnã, o homem mais rico do país ganha mais em um dia do que a pessoa mais pobre ganha em dez anos.
A confederação alerta, ainda, que a diferença entre mais ricos e mais pobres tem aumentado. De acordo com uma pesquisa recente, realizada pelo economista Thomas Piketty, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres nos Estados Unidos permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%. “Se nada for feito para combatê-la, a desigualdade crescente pode desintegrar nossas sociedades. Ela aumenta a criminalidade e a insegurança e mina o combate à pobreza. Ela gera mais pessoas vivendo com medo do que com esperança”, diz o estudo.
“O relatório detalha como os grandes negócios e os indivíduos que mais detêm a riqueza mundial estão se alimentando da crise econômica, pagando menos impostos, reduzindo salários e usando seu poder para influenciar a política em seus países”, afirmou Katia Maia, diretora executiva da Oxfam no Brasil, em nota.
Para os países pobres, a situação tem melhorado, mas ainda está longe de ser resolvida. Centenas de milhões de pessoas foram retiradas da pobreza nas últimas décadas. Mesmo assim, uma em cada nove ainda passa fome, ressalta o relatório. Segundo pesquisas recentes, três quartos da extrema pobreza poderiam ser efetivamente eliminados imediatamente usando recursos já disponíveis, aumentando a tributação e reduzindo gastos militares e outras despesas regressivas.
As causas
Isso acontece porque, nos esforços para entregar rendimentos elevados aos mais ricos, as empresas pressionam os trabalhadores e fornecedores. Assim, enquanto os salários dos altos executivos continuam crescendo, os salários de trabalhadores comuns e a receita de fornecedores têm permanecido praticamente inalterados e, e em alguns casos, até diminuído.
Piora a situação o fato de que mudanças na estrutura do mercado de trabalho levaram à perda do poder de barganha dos trabalhadores em negociações coletivas. Segundo o relatório, o diretor executivo da maior empresa de informática da Índia ganha 416 vezes mais que um funcionário médio da mesma empresa. Outro exemplo para ilustrar a pressão sobre a remuneração dos fornecedores: na década de 1980, produtores de cacau ficavam com 18% do valor de uma barra de chocolate — atualmente, ficam com apenas 6%.
Dentro das empresas, a Oxfam vê mais uma causa para o agravamento da desigualdade: o empenho em remunerar os acionistas rapidamente. “Cada dólar de lucro passado aos acionistas de empresas é um dólar que poderia ter sido usado para garantir uma remuneração mais alta a produtores ou trabalhadores, pagar mais impostos ou investir em infraestrutura ou inovação”, defende a organização. O lobby ainda tem papel importante nesse cenário, no qual as empresas pressionam governos por redução de impostos e maiores vantagens.
Outro fator que aumenta a desigualdade é a forma como os super-ricos continuam vendo suas fortunas aumentarem. “Os super-ricos têm dinheiro para gastar com as melhores orientações de investimento e a riqueza detida por eles desde 2009 vem crescendo a uma taxa média de 11% por ano”, aponta o relatório.
Ainda nessa linha, a Oxfam afirma que os ricos se beneficiam da evasão fiscal para manter suas forturas. “Muitos dos super-ricos também usam seu poder, influência e relações para influenciar círculos políticos e garantir que as regras os favoreçam. Os bilionários do Brasil fazem lobby para reduzir impostos e, em São Paulo, eles preferem ir de helicóptero para o trabalho, evitando os engarrafamentos e problemas infraestruturais enfrentados nas ruas e avenidas da cidade”.
As mulheres ainda são as mais prejudicadas
Mais: em empregos formais, é comum que as mulheres recebam salários menores do que os homens. As mulheres ganham de 31% a 75% menos do que os homens devido à lacuna de remuneração e a outras desigualdades econômicas, como a falta de acesso a proteção social, que se acumulam e as deixam em situações bem piores ao longo da vida.
Mesmo em economias avançadas, onde a disparidade de escolaridade de gêneros já foi, em grande parte, eliminada, os homens continuam a ser maioria entre o grupo de alta renda. Na Dinamarca, em 2013, as mulheres representavam apenas 31% do grupo dos 10% com renda mais alta. No mesmo ano, no Canadá, esse porcentual era de 30%; na Nova Zelândia, de 29%; e no Reino Unido, de 28%. Na Itália, em 2014, as mulheres eram 29% do grupo.
Fonte:http://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2017/01/8-homens-possuem-mesma-riqueza-que-metade-mais-pobre-da-populacao-mundial.html
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