quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mais um tremendo aproveitador esse Nick Pope.

Mais um tremendo aproveitador esse Nick Pope.


Ufólogo Nick Pope participa de Encobrimento Governamental

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SNN3027AA-280_768536jUm dos maiores especialistas no mundo em OVNIs, o inexplicado e teorias da conspiração”, anuncia em seu sítio pessoal o ufólogo Nick Pope, que teria “comandado o Projeto OVNI do governo britânico”. Pope de fato serviu no Ministério de Defesa (MoD), e a história que conta e é repetida por revistas e jornais é de que “a princípio cético”, teria se transformado em crente ao investigar casos OVNI.
Se Pope era cético, a virada de opinião realmente foi notável. No livro publicado em 1996 após sua saída da Secretaria de Staff Aéreo, Pope diz ter se tornado “firmemente crente na realidade dos OVNIs … alertando que espaçonaves extraterrestres estão visitando a Terra e algo deve ser feito urgentemente”.
É com tais títulos e história que Pope se diz o maior especialista OVNI, no que os tablóides ingleses o levaram a sério. Suas opiniões e avaliações, no entanto, resultam comumente em grandes vexames, como quando se revelou “muito excitado” com aviões em uma parada militar indicados como OVNIs no ano passado.
Em 2007, o pesquisador David Clarke, principal responsável pela abertura de arquivos OVNI no Reino Unido, quis passar esta história a limpo: como o Ministério da Defesa britânico via um de seus funcionários alegando comandar um projeto OVNI, dando declarações abertamente contrárias às recomendações oficiais sobre espaçonaves extraterrestres?
Três anos e duas apelações depois, o MoD recusou-se a liberar sete documentos contendo comunicados internos sobre as declarações públicas de Pope, em uma decisão de sigilo validada pelo Comissário de Informação, Christopher Graham. “Este é um caso delicadamente equilibrado e [o doutor Clarke] forneceu argumentos bem sensatos para apoiar seu pedido” para a liberação de informações de interesse público, comunicou em sua decisão.
Mas o equilíbrio delicado parece ter sido quebrado pelo próprio Nick Pope que, o comunicado revela, interveio pessoalmente para bloquear a liberação destes documentos”, alerta Clarke. Isto é, o ufólogo que diz ter comandado o “Projeto OVNI” britânico, que diz ter descoberto casos que o convenceram da realidade extraterrestre e se pronunciou a favor de que os governos “coloquem tudo sobre a questão em domínio público”, pediu que os documentos que se relacionavam com seu verdadeiro papel no Ministério da Defesa e a opinião de oficiais ativos sobre suas declarações fossem… encobertos.
O MoD Já deixou claro que não existe e nunca existiu um “Projeto OVNI”. Entusiastas de teorias de conspiração – das quais Pope se diz um especialista – podem encarar a negativa como elementar, e irrelevante, mas relevante sim é que segundo o Comissário, Pope “nunca foi um servidor público sênior” e que seu cargo administrativo menor no MoD já seria de conhecimento público. O caso lembra o vexame ainda maior da Exopolítica, que há pouco teve uma de suas fontes e maiores histórias – uma reunião secreta na ONU sobre ETs – revelada como produto de um contador de histórias.
E quanto ao conteúdo dos documentos secretos? Teoristas de conspiração podem pensar que eles poderiam conter informações relevantes sobre extraterrestres, mas se este fosse o caso, por que Nick Pope solicitaria diretamente que eles não fossem liberados, se exige justamente a “verdade” sobre ETs?
A verdade é que não é preciso especular muito sobre seu conteúdo, porque os documentos estão sendo mantidos em sigilo declaradamente porque conteriam opiniões de oficiais do Ministérios, “relacionadas a aspectos de como [Nick Pope] estava desempenhando seu papel público”. Em outras palavras, os documentos “encobertos” pelo governo, de acordo com o pedido do ufólogo, provavelmente o embaraçariam e possivelmente colocariam em cheque diversas das alegações que Pope vem explorando em benefício próprio há anos.
Como um exemplo do que tais documentos podem conter, Clarke cita um documento que “passou pelo censor oficial” em 2007, redigido por um oficial da Força Aérea Real para o Staff de Inteligência da Defesa.
Escrito em 1996, o oficial nota como Nick “parece ter aceitado feliz” o título de “oficial sênior do MoD” atribuído a ele pela mídia – o que, como vimos, não é verdade. E opina sobre o livro: “não quero banir um livro que não li, [mas] acredito que será baseado em suposição e ignorância técnica. A verdade raramente vende livros!”.
O próprio Nick Pope comentou recentemente sobre o caso, alegando que “dois ou três ufólogos no Reino Unido desenvolveram uma obsessão doentia comigo. Não estou confortável com tais indivíduos se intrometendo em minha vida privada ao perguntar sobre meu trabalho fora do MoD”, escreveu em uma lista de discussão.
Clarke, claramente o alvo de tal resposta, respondeu deixando claro que seu pedido de liberação de documentos ao Ministério se referia muito claramente às “declarações muito públicas” feitas por Pope. “Sob qualquer ponto de vista, o conteúdo destes documentos, criados por servidores públicos e pagos pelo bolso público, são um tema de interesse público. Eles continuarão sendo, não importa o quanto você tente fugir”, completou.
DISmemo
A situação irônica de um ufólogo exigindo o sigilo de documentos governamentais que podem embaraçá-lo, e em resposta, alegar que estaria sendo alvo de uma “obsessão doentia” encontra ecos no Brasil. Ademar Gevaerd, editor da revista brasileira “UFO”, disse ter recebido cópias das fotos da Ilha de Trindade diretamente do fotógrafo, em um caso clássico, que guardaria como a um tesouro. Mas quando perguntei se suas cópias poderiam ser analisadas, este informou que elas estariam em algum lugar de seu arquivo, em meio a muitas caixas, que algum dia as encontraria. As cópias que circulou e circula são ao invés originárias do ufólogo Claudeir Covo, que de fato as guarda com cuidado e vem colaborando em sua análise. Ainda continuo aguardando que as cópias supostamente de primeira geração que Gevaerd alega possuir sejam disponibilizadas para análise. Talvez ainda estejam perdidas em seu arquivo.
Há outros exemplos em que Gevaerd recusou-se a colaborar com investigações críticas promovidas por este autor, o que pode ser compreensível ainda que pouco justificado. O tom comum a todas elas é que quando por fim publicamos nossas conclusões, que podem incluir desde alertar sobre ufólogos que vendem falsos remédios para AIDS até profetas sobre o retorno de Jesus em uma frota de discos voadores, também somos acusados de “obsessão doentia” por sua figura pessoal. Ainda que jamais tenhamos publicado algum artigo sobre a vida privada do editor.
A ironia se eleva ao quadrado porque a revista UFO em sua versão eletrônica acaba de publicar nota em que noticia o bloqueio de informações sobre Nick Pope como um “segredo ufológico”, sem informar aos leitores que o próprio Pope está por trás deste acobertamento.
Não confie em ninguém”, dizia a máxima do seriado Arquivo-X. Não confie em ninguém, incluindo ufólogos, incluindo céticos.
Não confie em ninguém. Nem em mim”.

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