A Sociedade de Controle e a Liberdade
Igor Teo | 5 de agosto de 2011Michel Foucault foi um pensador que influenciou diversas áreas de estudo. Um dos temas que se dedicou a estudar foram as formas de poder e como elas se exercem sobre os indivíduos. Diria ele: “Onde há poder, há resistência”. E o campo da liberdade se faz de atitudes e comportamentos pelo quais os indivíduos recusam as práticas a eles impostas.
O governo e as empresas contam com laboratórios de pesquisas e bancos de informações cada vez mais detalhados sobre a vida particular das pessoas. A população presta conta de seus atos das mais variáveis formas, desde o imposto de renda à documentação necessária para se locomover nas cidades. Ao mesmo tempo o sujeito é submetido às normas e padrões de comportamento condicionados pela sociedade. O indivíduo condicionado é o bom-moço, o mocinho das novelas, regido pela moral capitalista e o modo de vida burguês.
Nas formas modernas do Estado nas sociedades industrializadas são utilizados procedimentos e mecanismo de controle para a constituição de identidades coletivas, sendo oferecidas identidades prontas nos meios de comunicação, como na televisão, para a população “consumir”.
Muito se fala em liberdade no consumismo, mas a cobiçada liberdade do consumidor se resume no direito de escolher por vontade própria um estilo de vida já determinado pelo mercado.
Nas formas modernas do Estado nas sociedades industrializadas são utilizados procedimentos e mecanismo de controle para a constituição de identidades coletivas, sendo oferecidas identidades prontas nos meios de comunicação, como na televisão, para a população “consumir”.
Muito se fala em liberdade no consumismo, mas a cobiçada liberdade do consumidor se resume no direito de escolher por vontade própria um estilo de vida já determinado pelo mercado.
Enfim, parece que o liberalismo se mostrou como a melhor forma de controle da população, pois ao contrário dos regimes totalitários e ditatoriais, concede uma falsa ilusão de liberdade.
Todos obedecem às regras do jogo, cumprem as leis, mudam o horário quando o governo determina sem nem saber ao certo como esse dia é escolhido.
Todos obedecem às regras do jogo, cumprem as leis, mudam o horário quando o governo determina sem nem saber ao certo como esse dia é escolhido.
Estratégias de dominação
Um elemento primordial do controle social é desviar a atenção do público dos problemas importantes mediante a liberação excessiva de informações insignificantes. A população passa mais tempo discutindo sobre futebol e vencedores de Reality Show do que economia ou política. O excesso de informação reduz a população à passividade e ao egoísmo, ocultando os fatos um mar de irrelevância.
Um elemento primordial do controle social é desviar a atenção do público dos problemas importantes mediante a liberação excessiva de informações insignificantes. A população passa mais tempo discutindo sobre futebol e vencedores de Reality Show do que economia ou política. O excesso de informação reduz a população à passividade e ao egoísmo, ocultando os fatos um mar de irrelevância.
Ou então se mantém o público ocupado, sem tempo para refletir quanto às questões importantes da sociedade. A população não compreende as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle. A qualidade da educação dada às classes sociais mais baixas é medíocre, tornando a ignorância algo comum.
O indivíduo acredita ainda, dentro do pensamento capitalista, ser o culpado pela sua desgraça, por causa de sua pouca capacidade ou falta de esforços. Ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo vira-se contra si mesmo.
E a população, por pior que a situação pareça, acredita que tudo ainda irá melhorar no futuro.
E a população, por pior que a situação pareça, acredita que tudo ainda irá melhorar no futuro.
O poder emergente a partir do século XVII tem como objetivo principal controlar a vida social. Para isso existe o projeto de ampliação e integração das aptidões individuais com os sistemas econômicos. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, hoje a ciência tem maior conhecimento do ser humano, tanto fisicamente como psicologicamente. Conseqüentemente, o governo conhece melhor o indivíduo do que ele mesmo conhece a si mesmo.
Um exemplo simples é o teste vocacional, que age a serviço de uma engenharia social, dizendo o que é melhor para cada indivíduo, quando isso deveria ser decidido por ele mesmo.
Os movimentos de contracultura, que por vezes aparecem como uma oposição a cultura dominante, não são em realidade contrários a dominação. A contracultura faz parte da própria cultura, sendo um mecanismo que faz com que ela se atualize, mantendo a ordem estabelecida com pouca alteração real.
Exercício de Liberdade
O homem deve lutar contra as técnicas e procedimentos desenvolvidos para conhecer e controlar a vida subjetiva de cada membro da sociedade. Nesse contexto é que vamos inventar nossa subjetividade.
Exercício de Liberdade
O homem deve lutar contra as técnicas e procedimentos desenvolvidos para conhecer e controlar a vida subjetiva de cada membro da sociedade. Nesse contexto é que vamos inventar nossa subjetividade.
Apesar das condições desfavoráveis, o indivíduo não está necessariamente desamparado. A atitude questionadora é a principal arma. Através da reflexão, da atitude crítica, podemos analisar o conteúdo de uma determinada proposição, para construirmos o nosso próprio saber, sem aceitar de primeira as formas de saber já prontas, seja científica, religiosa ou ocultista.
Pois nosso campo de batalha não é feito de violência ou terrorismo, mas nas idéias, através da conscientização.
Pois nosso campo de batalha não é feito de violência ou terrorismo, mas nas idéias, através da conscientização.
“Um homem pode morrer, lutar, falhar, até mesmo ser esquecido, mas sua idéia pode modificar o mundo mesmo tendo passado 400 anos.” In: V for Vendetta
Igor Teo é estudante de psicologia e colunista no Teoria da Conspiração.
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